O melanoma é o tumor maligno originado dos melanócitos, que são células presentes na camada basal da epiderme (camada mais profunda), responsáveis pela produção de melanina, substância que determina a coloração da pele e tem importante função protetora contra os efeitos nocivos de radiações solares. Negros e brancos possuem a mesma quantidade de melanócitos, mas as pessoas de pele escura produzem mais melanina. É por isso que negros e afrodescendentes têm menor risco de desenvolver câncer de pele.
De acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados anualmente 4.200 casos novos de melanoma em homens e 4.250 em mulheres no triênio 2020-2022.
A maioria dos casos se concentra nas regiões Sul e Sudeste, em pessoas de pele clara, acima dos 50 anos de idade, mais frequentemente no tronco em homens e nas pernas em mulheres, embora possam surgir em outras partes do corpo, como na região da face, couro cabeludo, palma das mãos, planta dos pés e embaixo das unhas. O melanoma pode surgir em áreas de pele normal ou em modificação de pintas já presentes.
Apesar do melanoma ser responsável por cerca de 3 a 5% dos tumores malignos de pele, é o principal responsável pela mortalidade desse tipo de câncer, devido à dificuldade no diagnóstico precoce. Entretanto, quando diagnosticado nas fases iniciais tem alta chance de cura.
Os fatores de risco mais associados com o melanoma são:
1- Sol: a exposição à luz solar é sabidamente um fator associado aos tumores cutâneos, principalmente sem o uso de proteção.
2- Ter pele clara: pessoas de pele, cabelos e olhos claros apresentam risco maior de desenvolvimento de câncer de pele.
3- Grave queimadura de sol: queimaduras de sol na infância ou adolescência aumentam o risco de aparecimento da doença mais tarde.
4- Pintas: uma pinta (nevo) é um tumor benigno, mas alguns tipos de pintas aumentam o risco de uma pessoa desenvolver melanoma. Pessoas com muitas pintas, devem consultar regularmente um dermatologista especialista em câncer de pele e ter cuidado redobrado quando expostas ao sol.
5- Histórico familiar: história familiar de parentes de primeiro grau com melanoma aumenta a chance de desenvolvimento da doença. Membros dessas famílias devem consultar um dermatologista pelo menos uma vez ao ano, aprender a observar a própria pele e ter cuidado redobrado quando expostos ao sol.
6- Síndromes hereditárias: em 10% dos casos existe a possibilidade de alguma alteração genética predispor o melanoma, sendo as chamadas síndromes hereditárias. Paciente com múltiplos casos de melanoma ou que possua vários familiares com essa doença devem ser investigados por um especialista em oncogenética.
7- Imunossuprimidos: condições que levam à baixa imunidade, como transplantes, doenças reumatológicas e AIDS, apresentam maior risco de câncer de pele, inclusive com comportamento mais agressivo que o habitual.
8- Idade: mais comuns em adultos, sendo o pico de incidência aos 50 anos, mas atinge uma faixa de idade ampla que vai desde adultos jovens até pessoas muito idosas.
Pode-se realizar algumas medidas simples para prevenção ao melanoma como:
1- Uso de filtro solar: utilizar um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicar o produto a cada duas horas, ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Pessoas de alto risco (pele e olhos claros) ou com antecedente de câncer de pele, precisam usar filtro solar no dia a dia, principalmente no rosto e nos braços e pernas (áreas expostas), mesmo em dias nublados. O cuidado deve ser redobrado com as crianças, porque a exposição exagerada ao sol nos primeiros 20 anos de vida é decisiva para o aparecimento de câncer de pele na meia-idade.
2- Uso de medidas de barreira: chapéu de abas largas, óculos escuros e camisetas com proteção UV são produtos adicionais para prevenção e não excluem a necessidade do uso do filtro solar, principalmente para o indivíduo com diagnóstico de câncer de pele.
3- Evitar horários de pico de radiação solar: evitar os horários de maior incidência da radiação solar, sobretudo entre 10h e 16h.
4- Vigilância da pele: ficar atento regularmente às pintas da pele, como manchas suspeitas e pintas novas ou que se modificaram. Consulte um dermatologista pelo menos uma vez ao ano para o exame apropriado e completo da pele.
O diagnóstico clínico precoce do melanoma é o mais importante fator para o sucesso no tratamento e prognóstico. Geralmente o dermatologista é o primeiro profissional procurado pelo paciente, que se queixa, na maior parte das vezes, de uma lesão de pele escurecida, irregular ou elevada, de crescimento aumentado ou com mudança na coloração, associado ou não à dor e sangramento.
Utilizamos a regra do ABCDE para auxílio no diagnóstico clínico:
A – Assimetria: as lesões benignas são arredondadas e simétricas. dividirmos a lesão suspeita ao meio, e compararmos as duas metades, veremos que as partes são assimétricas.
B – Bordas: as lesões do melanoma apresentam bordas irregulares e, em
alguns pontos, os limites são mal definidos, enquanto as lesões benignas apresentam bordas regulares e com limites bem definidos.
C – Cor: o melanoma frequentemente apresenta várias tonalidades de cor marrom, cinza, azul ou preto. As lesões benignas geralmente apresentam uma coloração uniforme de marrom escuro.
D – Diâmetro: o melanoma têm, geralmente, mais de 6mm de diâmetro e as lesões benignas são menores que 6mm.
E – Evolução: uma lesão que apresenta crescimento ou elevação em relação à superfície da pele é suspeita para melanoma.
Em consulta dermatológica de rotina, deve-se dar atenção à detecção de alterações em tamanho, forma ou cor em nevos preexistentes, que podem ser sinais precoces de desenvolvimento do melanoma. A lesão deve ser submetida ao exame com o dermatoscópio. Por isso, é de extrema importância que o dermatologista esteja familiarizado com essa prática clínica. Sinais como ulceração, sangramentos e nodulações são considerados tardios e geralmente encontrados nos casos de melanomas espessos e avançados.